Muitas vezes a coisa parece estar roteirizada, mesmo assim acabam de um jeito errado. A seleção brasileira feminina, por exemplo. Depois de apanhar anos a fio das alemãs e das norte-americanas, naqueles primeiros anos do boom do futebol feminino, não estava claro que, ao batermos a Alemanha na semifinal e nos qualificarmos para a decisão contra os EUA, na Olimpíada de Pequim, não seria aquela a nossa vez de triunfarmos, agora que quebráramos tabus e tínhamos Marta – a maior do mundo – em grande fase? Mas deu no que deu: voltamos a desperdiçar muitas oportunidades de amargamos ais uma derrota para aquelas horrendas imperialistas.
Digo isso para justificar minha aposta em uma vitória do Palmeiras contra o São Paulo neste domingo, para o desespero, entre outros, do dono deste blog. É que parece muito pouco crível que, mesmo em um campeonato superequilibrado, os bâmbis conquistem um inédito tricampeonato nacional com esse time muito mais ou menos. Tivessem eles mantido os principais jogadores e reforçado a equipe, após as conquistas de 2006 e 2007, vá lá. Mas é difícil acreditar que uma honra desse naipe – conquistar três vezes seguidas o Brasileirão – vá cair no colo de uma equipe, repito, apenas razoável.
Já o Palmeiras vive, historicamente, momento bem distinto. Almeja seu quinto Nacional, para empatar exatamente com o São Paulo, depois dos dois bicampeonatos, de 72-73 e 93-94. Tem jejum desse título. Tem um time respeitável e, ainda que não harmônico, muito forte no gol, na meiúca e no ataque. Tem Luxemburgo. Não é pouco.
Mas por que estamos falando de título por conta de um confronto entre o segundo e o quarto colocados? Porque estarão em jogo no Palestra Itália muito mais do que os três pontos regulamentares da partida. Estará em disputa, sobretudo, a definição da equipe que polarizará com o Grêmio Portoalegrense na reta final do campeonato.
A menos que, em vez dessa lógica, os deuses resolvam aprontar de vez, dando vitórias a São Paulo e Cruzeiro, com derrotas para Grêmio e Palmeiras. Isso transformaria a tabela de classificação em um exercício cardíaco para torcedores, tamanho ficaria o rebolo na briga pela liderança. O fato é que nesse dia 19 as arquibancadas da futura Arena Palestra vão comemorar mais uma vitória sobre o São Paulo.
Desta vez, vai ser chocolate sem pimenta.
Rogério Fischer
Jornalista